O Museu da Abolição – MAB (Recife – PE), vinculado ao Ibram/MinC, lançou em 2016 o Projeto Selos. A responsabilidade aliada ao papel social dos museus de estar a serviço da sociedade conduz o MAB a refletir sobre temas transversais, referentes aos direitos humanos, tais como: acesso ao trabalho, políticas públicas de inclusão, intolerância religiosa, racismo, preconceito, exclusão, gênero e etc.;
Por este motivo, a instituição realiza a segunda edição do Projeto Selos MAB, cujo objetivo é associar a imagem institucional a temas diversos, oferecendo ao público a oportunidade para refletir sobre questões relevantes no mundo contemporâneo de modo a potencializar os esforços em diminuir as desigualdades sociais.
O projeto visa à confecção de um selo anual, para cada tema selecionado a ser trabalhado em todas as atividades do calendário do Museu, a fim de estabelecer conexões entre temáticas atuais e suas atividades finalísticas. A cada ano o MAB lançará um selo/tema que será alvo de ações, discussões, eventos e exposições.
A intenção é, além de estabelecer conexões entre temas selecionados a ações e atividades do museu, ampliar redes de articulação e cooperação entre instituições públicas e privadas, movimentos sociais, religiosos e culturais.
O tema de 2017, Respeito Afrobrasilidades, busca trabalhar em cima de questões ligadas à intolerância religiosa que, quando manifesta e expressa por palavras, gestos e práticas, revela preconceitos e incapacidades de reconhecer e respeitar as diferenças e crenças religiosas do outro. Este comportamento, quando assume um caráter racial, demonstra uma das faces mais abomináveis do racismo. A discriminação das manifestações religiosas constituídas a partir da presença dos africanos no Brasil, e que fez parte das estratégias de resistência à escravidão, causa sérios danos à autoestima e à construção de identidade dos seus praticantes, além de ameaçar os pilares de uma sociedade que deveria ser alicerçada na ética, na democracia e na cultura da paz, de modo a garantir a liberdade de expressão e do livre exercício da religião.
Assim, considerando que estamos em uma sociedade plural,sob vários aspectos, incluindo o religioso, e que somos constituídos a partir de vários processos culturais que tem origem no continente africano e, ainda, tendo em vista o aumento e a constância da perseguição às práticas e aos praticantes das religiões de matriz africana, o que viola inclusive os direitos humanos, o Museu da Abolição lança o Selo MAB 2017 assumindo o desafio de fomentar o combate à discriminação, ao preconceito, e a todas as formas de intolerância religiosa.
A imagem escolhida para ilustrar o selo, “Crenças e Cores”, de autoria da fotógrafa “Luela” (Ana Carolina Araújo Gomes) faz parte do acervo do MAB, e foi adquirida no 3º concurso de Fotografia Mestre Luís de França, lançado pelo Museu da Abolição em 2005.
O tema da primeira edição do projeto foi O Protagonismo da Mulher Negra.
Em 2016 o MAB ressalta o protagonismo negro e feminino assim como comemora a liberdade e o empoderamento da mulher negra em busca de visibilidade, liberdade e igualdade de direitos.
A imagem escolhida para compor o selo foi a obra “Biju de Licuri” do artista Ramon Martins, que passou a fazer parte do acervo do MAB, no ano de 2015, ao qual foi incorporada após aquisição por meio de doação da Receita Federal, uma importante parceria desenvolvida entre o IBRAM e a Receita Federal cuja ação está prevista na Lei Federal n° 12.840 em 2015.
De acordo com a diretora do museu, Maria Elisabete Assis, “essa articulação é importante para solidificar o trabalho de museologia social que o Museu da Abolição desenvolve desde 2006, e para articular novas parcerias no desenvolvimento de nossas atividades. Este projeto reforça a missão e os objetivos institucionais, especialmente quanto ao debate sobre o preconceito, o racismo, a discriminação, além do lugar que a mulher negra ocupa na nossa sociedade”, finaliza.
O Selo MAB 2016 também auxiliou na divulgação do Catálogo On Line – “Memória Feminina: mulheres na história, história de mulheres” do Programa Ibermuseus, que conta com a participação de sete outros países, além do Brasil (Argentina, Chile, Colômbia, Portugal, Uruguai, México e Espanha). O catálogo reafirma a Luta pelos direitos e pelo empoderamento da mulher na busca de visibilidade, liberdade e igualdade de gênero, e tem como objetivo dar destaque e visibilidade à presença das mulheres na história e nas comunidades de cada um dos países envolvidos, valorizando o seu papel social e cultural através das coleções, objetos e contribuições representativas de cada um dos países participantes.
Clique aqui para acessar o Catálogo On Line – “Memória Feminina: mulheres na história, história de mulheres”