“As pessoas já voltavam às ruas sem temor, apesar de ainda estarem muito frágeis. O estado de calamidade pública havia sido decretado e a maior preocupação, de início, era com os desabrigados e com as partes levadiças que ainda não haviam recebido lona para se protegerem. Quando tudo parecia estar voltando à caótica normalidade de uma cidade que cresce sem planejamento, eis que surge uma terrível novidade.
Uma represa, situada no município de São Lourenço da Mata, havia rompido e Recife seria completamente destruída. “Tapacurá estourou!”, dizia-se alto. O medo se alastrou pela cidade com a velocidade do pensamento. A escola Arraial Novo de Canudos se esvaziou ainda mais rápido do que quando soa a sirene do término das aulas. Alguém desmaiou no meio do pátio. Para alguns, não adiantaria nem correr, afinal, a cidade seria de qualquer forma completamente alagada. ” (Trecho do livro)
Neste romance, o mito urbano do estouro da barragem de Tapacurá, que inunda a cidade, transforma-se em apropriada metáfora do atual momento brasileiro. Boa parte da trama se passa dentro de uma escola, não à toa, chamada “Arraial Novo de Canudos”. Segundo a dedicatória, “este livro foi feito para estudantes, formais ou não, professores, mestres do ensino e indivíduos ligados à educação. Ou seja, ele é dedicado a todas as pessoas”. Experimentem alguns capítulos das aventuras do professor de biologia e se apaixonem pela escola Arraial Novo de Canudos também. Quem assina a linda capa do livro, parcialmente utilizada para nossa divulgação, é o artista plástico Laércio Nascimento. Posteriormente, haverá a venda do livro por R$25,00, sendo esta renda muito importante para ajuda com os custos da edição da obra e da produção desta festa.
A festa pretende ser uma confraternização no dia 26 de novembro, quando serão celebradas as artes, sobretudo a música e a literatura, levando em consideração a semana da Consciência Negra e o debate sobre educação em todo o país.
Quem abre o evento é o grupo Xirê: O Canto dos Orixás com sua música suave e envolvente. Formado por estudantes de música da UFPE, o Xirê utiliza elementos percussivos, instrumentos de corda, como o violão, de sopro , como oboé e flautas, efeitos sonoros e voz, buscando assim atingir a percepção sagrada dos Orixás, somando os conhecimentos acadêmicos às forças elementares da música de terreiro, em especial o Ilê Obá Aganjú Okoloyá. É composto por: Edelson Moraes, Esdras Guedes, Gabriela Martinez, Lhaysa Ramos, Luiz Joaquim, Mirty Káthly, Monterrúbio Neto, Tiago Sá.
O lançamento do livro Arraial Novo de Canudos acontece logo após a apresentação do grupo, num bate papo que contará com a presença dos amigos Igor Bandim, crítico literário que assina o posfácio, e Rodrigo Capibe, autor do livro.
Continuando os festejos, teremos a apresentação do grupo Coco das Estrelas, nascido da comunidade chamada Chão de Estrelas, que traz a resistência da música afro brasileira, portando em seu repertório tanto toadas conhecidas dos cocos, como releituras neste ritmo de algumas canções de artistas consagrados como Alceu Valença. Na continuação, em mesmo passo, teremos a apresentação do grupo Chapéu de Palha, do córrego de Jenipapo, finalizando as apresentações neste ritmo, hoje consagrado como uma das vertentes da verdadeira música popular brasileira (MPB).
Encerrando as festividades, teremos o encontro dançante com o Oyá Tokolê Afoxé Owo, grupo conduzido pela experiente Maria Helena Sampaio (ex-Comadre Florzinha). Fundado em 2004, no Bairro de Dois Unidos, Recife-PE, como uma manifestação da cultura afrobrasileira fundamentada nos preceitos do Candomblé Nagô, o Oyá Tokolê Afoxé Owo promete encerrar a festa com muito axé numa apresentação em conjunto com o belíssimo Balé Nagô Ajô, fundamentado na tradição Nagô do Terreiro de Mãe Amara e coordenado pela dançarina Hellaynne Sampaio, que tem formação em Dança pela UFPE.
“O que liga o livro às literaturas de apelo mais universal é o modo como cada pessoa, cada aluno, familiar e professor reage às condições em que se encontra. Resistência, luta e criatividade são respostas tão universais quanto por vezes inesperadas nos contextos de extrema dificuldade. Naturalmente, o lugar por excelência dessa experimentação na narrativa é a trajetória do professor de biologia, já que o texto é composto por suas reflexões, digressões e pensamentos. O leitor vê aqui como um indivíduo reage existencialmente a esse universo e à sua facticidade. É o drama humano que funciona como uma ponte entre a crítica de cunho social e a sensibilidade do leitor. É essa face pessoal, íntima, o que confere à descrição dessa realidade o necessário elemento de identificação no momento da leitura. Em nossa opinião, a exploração desse plano é o que confere ressonância e um maior alcance ao livro.” (Trecho do posfácio)
Aos que puderem se fazer presentes, nosso muito obrigado!
Mais informações:
Link do evento no Facebook
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Xirê: O Canto dos Orixás
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Coco das Estrelas
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Coco Chapéu de Palha
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Afoxé Oyá Tokolê
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Balé Ajô Nagô
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Texto de Rodrigo Capibe.