Na sexta-feira (13), às 19h30, o Museu da Abolição apresentou um desfile de moda com o lançamento da coleção “Segunda” do estilista Chico Marinho
Na quebra de barreiras entre a divisão de gênero, Chico Marinho desenvolve uma coleção inspirada nos movimentos negros e na realidade da população negra brasileira. Expondo suas peças em um desfile temático, a marca revisitou o tema da Abolição e promoveu um debate em torno da emblemática data de 13 de maio.
A marca foi criada com o objetivo de quebrar a binaridade de gêneros e de denunciar questões sociais como a intolerância e discriminação sexual, étnica e religiosa, propagadas pela sociedade e, pouco abordadas pela indústria da Moda. Traz, em sua essência, a desconstrução do corpo, gêneros e das estações, primando pelo conforto e mergulhando num forte saudosismo.
COLEÇÃO SEGUNDA – África, Racismo, Tortura, Empoderamento.
“O ponto de partida pra essa construção foi à invasão da Bélgica, liderada por Leopoldo II, à África, durante final do séc. XIX e início do séc. XX; onde milhões de negros foram torturados e mortos. O que chamou a atenção é o fato do mundo ‘clarear’ mais uma vez a história e não nos permitir conhecer essa história”, explica Chico.
Essa coleção é um convite pra refletir sobre os processos de escravidão, exclusão, discriminação, intolerância e preconceitos, ainda existentes em nossa sociedade. Mais que isto, foi desenvolvida como um instrumento de empoderamento para negros e negras, a partir do vestuário. Com foco na alfaiataria e na camisaria, a Chico Marinho também se utiliza da passagem do tempo para desenvolver suas coleções e assim criar uma ponte entre o antigo e o contemporâneo, numa apresentação imagética, saudosista e substanciada, mas atual.
O desfile foi encerrado por Maria Clara, a primeira transexual do mundo a assumir um cargo em um mecanismo de prevenção e combate a tortura, órgão que atua em parceria com a ONU.