Instituto Brasileiro de Museus

Museu da Abolição

Acervos

 
Escultura Samburu Dance I
Escultura Samburu Dance I, de Marienne Houtkamp.

O acervo do MAB tem por objetivo mais do que a preservação dos seus objetos. Ele visa possibilitar a ratificação da história dos afrodescendentes, dando-lhes a importância devida na formação do povo brasileiro. O conjunto de objetos permite a comunicação entre a instituição e seus visitantes, provocando discussões contundentes e necessárias em relação à população afrodescendente no passado e na contemporaneidade da sociedade brasileira. O acervo do MAB, ainda bastante limitado, continua  aberto à incorporação de novos objetos que possam contribuir para a  promoção, preservação e difusão da cultura e história do afrodescendente brasileiro.

 
ACERVO MUSEOLÓGICO

A coleção inicial do MAB foi adquirida entre 1983 e 1989 para compor a exposição inaugural, época em que também foram solicitados objetos de outras instituições museológicas, cedidos, para compor esta exposição, por tempo determinado. Foi nessa fase inicial que o MAB adquiriu a maior parte de seu acervo museológico, aproximadamente 310 peças.

Restauro do acervo de Arte Africana

Logo após a realização desta primeira exposição a maior parte das peças cedidas foi devolvida, restando outras sob a guarda do MAB, por contrato de comodato, até 2012, época em que foram devolvidas às respectivas instituições de origem.

Em 2010, com a montagem de uma nova exposição, o museu recebeu novas peças emprestadas. Posteriormente, algumas delas foram incorporadas ao seu acervo museológico por meio de doação. Com a criação da Lei N.º 12.840/2013 que dispõe sobre a destinação dos bens de valor cultural, artístico ou histórico aos museus, o MAB expandiu seu acervo, possuindo em 2020, cerca de 310 peças.

 

ACERVO BIBLIOGRÁFICO, HEMEROGRÁFICO  E ARQUIVÍSTICO

Na década de 1980, iniciou-se um processo para a implantação de uma biblioteca no MAB. O objetivo era implantar uma biblioteca especializada nos assuntos correlatos à cultura afro-brasileira e museologia, que pretendia transformar a instituição num Centro de Referência local. Em virtude da absoluta falta de recursos financeiros, optou-se por solicitar doações em todo o país às diversas editoras bem como às instituições culturais e de ensino, obtendo-se um resultado bastante satisfatório. 

Acervo arquivístico

O MAB ainda não possui uma biblioteca organizada de acordo com os princípios e critérios técnicos da biblioteconomia. Todavia, o Museu possui uma coleção de livros que são usados pelos servidores do museu, podendo ser consultados também por pesquisadores, mediante agendamento. O arquivo do MAB originou-se a partir da documentação produzida pelo grupo de trabalho designado para conceber a sua exposição de inauguração em 1983. A ele foram acrescidos materiais diversos, como recortes de jornais, periódicos, fotografias, documentos históricos, gravações de áudio e vídeo. Todo esse material que constitui o acervo bibliográfico e arquivístico do MAB foi sendo coletado pelos servidores que passaram pelo museu e recebidos como doação de visitantes, do IPHAN, IBRAM, dentre outros.

A coleção de itens bibliográficos conta com aproximadamente 1344 livros, é especializada em cultura afro-brasileira e museologia e possui títulos, divididos por assunto, com as seguintes temáticas: abolição; antropologia; arte; biografia; cultura; economia; educação; escravidão; etnologia; folclore; história; literatura; museologia; patrimônio; personalidades; racismo;  resistência negra; religião; saúde; sociologia.

No acervo bibliográfico também se incluem cerca de 617 periódicos, entre revistas, catálogos e folhetos. Atualmente, o MAB guarda e conserva um acervo importante, sobretudo para os que querem entender a cultura afro-brasileira, seu processo de resistência e afirmação. O MAB continua recebendo novas doações e pretende em breve poder montar, equipar e organizar adequadamente sua biblioteca e arquivo para assim poder atender melhor  seus visitantes e suas demandas de pesquisa.

 
ACERVO DOCUMENTAL

É constituído por documentação textual, formada por documentos administrativos, técnicos, históricos e fotográficos, bem como do acervo referencial levantado no Arquivo Nacional por ocasião da concepção da exposição inaugural do MAB (cópia de alvarás, cartas, decretos, leis, petições, entre outros). Foi, portanto, realizado o acondicionamento técnico e apropriado deste acervo, estabelecida uma numeração sequencial por assunto e efetuado o registro do mesmo em planilha própria.

 
ACERVO HISTÓRICO

O MAB detém quatro coleções, intituladas: Abelardo Rodrigues, Paróquia Nossa Senhora das Brotas, Família Corrêa de Oliveira e Documentos avulsos. Estas coleções são compostas por: cartas de libertação, recibos e escrituras de venda de escravos; declaração de fuga de escravo; recompensa pela captura de escravo; provisões de dispensa de impedimento matrimonial de escravos e ex-escravos; livro de assento de crismas e de assentamento de casamentos de escravos e ex-escravos; pedidos de dispensa de proclamas para casamento de escravos; concessão de dispensa de impedimento matrimonial; documentos religiosos, como imagens de santos e orações impressas e livros de ofício; Exemplar original da primeira página do Diário Popular, Anno IV, N.1.048, datado de segunda-feira, 14 de maio de 1888, intitulada a Lei Áurea; entre outros.

 
ACERVO FOTOGRÁFICO

As coleções são compostas por fotografias produzidas pelo MAB, na sua maioria, e referem-se ao seu acervo tridimensional e às atividades diversas desenvolvidas no próprio museu. A ficha de inventário utilizada foi concebida a partir de modelo existente no manual de orientação para preservação de acervos fotográficos da Fundação Pinheiro, Universidade Federal de Minas Gerais e Fundação Nacional de Arte. Seguindo a organização do acervo bibliográfico, também foi classificado por assunto, assim estabelecido: acervo / ação educativa / ação cultural / área externa / exposições/ promoção e divulgação. A partir de 2017, o acervo fotográfico das quatro edições do Concurso de Fotografias Mestre Luís de França passou a ser considerado acervo museológico. 

Lanterna Processual. Foto: MAB

 

Política de Aquisição e Descarte de Acervos

A Política de Aquisição e Descarte de Acervos é o instrumento que regula a entrada de novos objetos na instituição, seja ele de tipologia ou interesse museológico, bibliográfico, hemerográfico, documental, fotográfico, audiovisual, dentre outros, seja por meio de doação, legado, compra, permuta, coleta, ou quaisquer outros meios, cuja propriedade do bem seja transferida para o MAB.

 

Para que a peça faça parte do acervo do museu alguns critérios são levados em consideração, tais como:

  • A interação com o acervo já existente;
  • A adequação do objeto aos objetivos e missão do MAB;
  • O estado de conservação do material (condições físicas e qualidade técnica);
  • Restrições de uso por parte do doador;
  • Não ser provenientes de pilhagem ou retiradas não autorizadas;
  • Não violar qualquer legislação, tratados locais, estatais, nacionais e internacionais;
  • Respeitar a observação de que objetos de caráter sagrado só poderão ser adquiridos se forem resguardados os interesses e convicções das comunidades, grupos religiosos e étnicos dos quais os objetos, quando conhecidos, originaram.

Essas medidas são importantes para que o museu não esteja adquirindo objetos proibidos ou que não tenham ligação com o museu, sua tipologia e missão.

O museu também poderá descartar seu acervo em algumas situações específicas, podendo ser efetivado por meio de doação, transferência, troca, venda, repatriação ou destruição. Nesse caso, também serão considerados critérios como:

  • A impossibilidade de manutenção do objeto;
  • Condições físicas: itens irrecuperáveis ou objetos deteriorados, infestados, cujo estado de conservação interferem na comunicação com o público, inviabilizando uma possível montagem expositiva;
  • Casos de erro de numeração ou equívocos no inventário;
  • Readequação do foco da coleção;
  • Inadequação: obras cujo conteúdo não interessa à instituição, mas foram incorporadas ao acervo anteriormente sem uma seleção prévia;
  • E, por fim, quando ocorre o caso de repatriamento de objetos.