Instituto Brasileiro de Museus

Museu da Abolição

Museu da Abolição lança campanha virtual em celebração ao Novembro Negro

Conheça um pouco sobre a autora dos poemas que ilustrou a campanha virtual do mab.

publicado: 10/11/2016 10h05, última modificação: 11/12/2017 18h46

Em novembro de 2016, o Museu da Abolição lança uma campanha virtual em celebração ao mês da consciência negra, com fotografias da IV Edição do Concurso de Fotografia Mestres Luís de França, que fazem parte do acervo da instituição. Os textos que acompanham as fotografias são fragmentos de poemas de Odailta Alves. Conheça um pouco sobre a autora.

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Odailta nasceu e foi criada em Santo Amaro, no bairro do Recife. Enxergou na leitura e na escrita um plano de fuga da criminalidade e miséria tão presentes na comunidade. Primeira mulher de uma família de analfabetos  (entre pai, mãe e avós) que teve acesso à leitura e à escrita, Odailta nos conta que os estímulos de sua avó, Regina, foram de extrema importância para chegar no lugar em que se encontra hoje: professora de português das redes Municipal e Estadual. Sem deixar de lado a importância dos professores das escolas públicas nas quais estudou, Odailta revela que se não fosse o incentivo da avó, muita coisa não seria possível: “ela dizia que eu era muito inteligente e podia conquistar tudo porque sabia ler”.

Aos 25 anos Odailta Alves iniciou sua pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em letras da Universidade Federal de Pernambuco intitulada “A influência africana no português em Pernambuco: um mergulho em Ascenso Ferreira” e a partir dela começou seu processo de (re)conhecimento de sua identidade negra. “Por ter a pele mais clara que meus irmãos, eu era considerada ‘a branca da família’, demorei muito para me reconhecer negra”, afirma a professora, que hoje, aos 37 anos, faz questão de manter uma postura afirmativa nos espaços que participa.

O recital Clamor Negro surge da mescla desses dois momentos da vida de Odailta, a relação com a escrita e a identidade negra. “Eu me orgulho de minha história, mas lamento muito que seja uma exceção”, conta a professora ao recordar que muitas amigas de infância não conseguiram trilhar o mesmo caminho que ela. A poetisa tem poemas publicados em coletâneas do SINTEPE e SIMPERE. O recital já foi apresentado em diversos eventos, inclusive em Curso de Formação de professores da Prefeitura do Recife. No mês de novembro, Odailta participou da 5ª edição do Jardim Sonante, no dia 06 de novembro, e estará presente também na sexta edição, no dia 27 de novembro, com mais um recital . “A negritude tá clamando por respeito”, encerra Odailta.

Estão todos convidados a ouvir as bandas e o recital no próximo Jardim Sonante. Agende: 27 de novembro a partir das 16h. Venha, traga a família e um quilo de alimento não perecível.

 

Texto: Eduarda Nunes